Vamos à Farmácia | Asma em pediatria – manter a doença controlada

Vamos à Farmácia | Ana Quintela

 

Asma em pediatria – manter a doença controlada
1 de Maio – Dia Mundial da Asma

 

Neste ano de 2018, o dia 1 de Maio, Dia do Trabalhador, coincide também com o Dia Mundial da Asma. A Sociedade Portuguesa de Pneumologia destaca a importância deste dia como forma de assinalar uma doença que continua a ser associada a uma grande morbilidade. É importante sensibilizar a população para os riscos associados à asma e consciencializar os doentes para uma correcta utilização da medicação, bem com uma melhor adesão à terapêutica, particularmente evitando o abandono da medicação preventiva.

A Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC) adianta que em Portugal metade das crianças asmáticas não tem controlo na sua doença. Estima-se que todos os anos as crianças asmáticas faltam mais de 500 000 dias à escola devido à sua doença. A asma não controlada leva a inúmeras visitas por ano aos serviços de urgência.

O controlo da asma em pediatria é essencial para melhorar o quotidiano das crianças asmáticas. Apostar na correcta utilização e adesão as terapêuticas preventivas pode permitir diminuir entre 400 a 700€ de gastos por criança asmática todos os anos.

 

É importante perceber quando a asma está mal controlada.

Se a criança tem sintomas presentes e pouco controlados ao longo de todo o dia. Se é utilizada medicação, como por exemplo inaladores de SOS várias vezes por dia. Se a criança acorda com crises a meio da noite pelo menos uma vez por semana. Ou se há limitações extremas na escola ou aquando da prática de exercício físico. Todos estes são sinais de alerta para uma asma não controlada que necessita de acompanhamento médico contínuo e de ajustes na medicação.

 

Existem diversas opções terapêuticas para a asma na infância. No entanto, as características socioeconómicas das famílias com crianças asmáticas são determinantes, pois infelizmente o acesso a consultas e à aquisição de medicação não são iguais em todas as famílias.

Constatou-se ainda que os dois principais problemas associados ao insucesso no tratamento das crianças asmáticas são a utilização incorrecta dos inaladores (bombas) e as falhas na adesão à terapêutica, particularmente na adesão à terapêutica preventiva.

 

Uma das estratégias mais importantes no controlo da asma é a toma de medicação preventiva.

A toma de medicação preventiva garante uma considerável diminuição das crises agudas, evitando a exacerbação da doença e permitindo assim evitar algumas visitas indesejadas a serviços de urgência.

Devido à heterogeneidade da asma, para a medicação ter sucesso é importante perceber que muitos doentes precisam de ajustar com o médico assistente um plano personalizado que seja eficaz especificamente para ele como doente. Plano este que deve ser cumprido diariamente ou nas alturas do ano indicadas pelo médico.

 

O papel da família é essencial para consciencializar a criança asmática, explicando-lhe porque é importante a toma de medicação preventiva mesmo quando não há sintomas.

Como familiar deve de forma simples explicar à criança asmática a sua doença, o conceito da prevenção da doença e as estratégias a que ela pode recorrer para o alívio de alguns sintomas. À medida que a criança cresce é importante dar-lhe autonomia e responsabilizá-la pela toma da medicação.

Como familiar de uma criança asmática deve perceber que como também acontece noutras doenças crónicas, mesmo uma criança responsável, consciencializada para a doença e já com capacidade para gerir a sua medicação, quando chega à adolescência é comum existir uma fase de diminuição de adesão à terapêutica. Como pais é importante que não se retirem totalmente do papel de gestão da toma da medicação. Na criança/adolescente asmático, a monitorização dos seus comportamentos de adesão à terapêutica é relevante, pois determinadas crianças/adolescentes nem sempre assumem de forma consistente a toma da medicação.

 

Se tem uma criança asmática, é fundamental adquirir uma câmara expansora.

Embora existam diversas alternativas terapêuticas para controlo da asma, a verdade é que a utilização de inaladores é das mais eficazes quando existe necessidade de alívio imediato, pelo que é fulcral ensinar e ajudar a criança para que a sua utilização seja o mais correcta possível.

Uma das grandes dificuldades no tratamento da asma é a utilização correcta dos inaladores (bombas). Para qualquer doente asmático, especialmente uma criança, é muito difícil ter a coordenação motora para utilizar o dispositivo inalador efectuando simultaneamente uma inalação profunda.

É extremamente comum que o inalador não seja correctamente utilizado e em vez do aerossol com a medicação ser depositado profundamente nos pulmões, o que acontece é que estas partículas com o medicamento ficam alojadas na cavidade oral, na garganta ou no estômago. Nestes casos a medicação acaba por não ter qualquer eficácia.

Assim, surge a necessidade de adquirir uma câmara expansora com máscara e com uma saliência para colocar o inalador. Este dispositivo permite que bebés, crianças e até mesmo adultos façam a medicação correctamente, respirando com inalações adequadas e introduzindo no organismo a medicação o mais simples e adequadamente possível.

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De qualquer modo é sempre fundamental que a criança asmática seja consciencializada para a sua doença. Uma criança deve ser ensinada a reconhecer os sintomas, a manter a autodisciplina para tomar sempre a medicação preventiva e a utilizar correctamente os dispositivos de inalação.

Se tem um filho asmático ensine-o a ter um papel activo no controlo da sua doença!

 

 

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